19 de mai. de 2009

Carta Branca com Salomão Filho

Artigo publicado na CCW - Club de Criação Web
Era comum afirmar que o computador e toda essa parafernália tecnológica que surge a cada dia, daria ao homem mais tempo de lazer e menos horas de trabalho. Com certeza, os trabalhos são finalizados mais rápidos e melhores, mas sem dúvida nenhuma, temos ficado mais tempo trabalhando. E parece que não estamos percebendo isso. Mas isso é outra história.

Trabalho no desenvolvimento de aplicações Web, animação e design. Todo meu trabalho, de certa forma, está ligado à web. Mas nem sempre foi assim. Quando comecei a trabalhar como designer e ilustrador, as minhas ferramentas de trabalho eram essencialmente uma prancheta de luz, papéis, lápis coloridos, as inesquecíveis canetas Design Art Marker, pincéis e aerógrafos. A forma de trabalho era bem diferente do que vemos hoje. Quando começaram a aparecer as primeiras notícias sobre computadores e programas gráficos, percebi que as coisas iriam mudar radicalmente e de forma muito rápida. Os meus primeiros contatos com informática e programação foram em 1985, mas só em 1991, adquiri meu primeiro computador. Foi uma experiência impressionante. Ainda não tinha muita noção do potencial desses equipamentos e software. Era como entrar em um mundo novo.

A vontade de aprender usar os programas se misturava com curiosidade sobre a tecnologia, hardware e o que viria pela frente. Passava horas em boas Livrarias em São Paulo atrás de novidades. Comecei a trabalhar como infografista para a Revista Superinteressante e Diretor de Arte júnior para a Giovanni Comunicação em São Paulo, onde conheci bons amigos e excelentes profissionais. Cada trabalho finalizado nas primeiras versões dos programas vetoriais, Adobe illustrator 1 e Corel Draw 2, era visto com grande prazer e surpresa. O Photoshop ainda era um programa pouco conhecido mas de grande potencial. Buscava novidades e cursos, mas não haviam muitas opções. Tínhamos que ser mesmo autodidatas. O único curso que achei na época, foi de Photoshop ministrado pelo ilustre e ainda pouco conhecido Rafael Luli. Um bom começo!

As primeiras ilustrações ainda eram muito duras. Realizando uma série de experiências, percebi que o mesmo que eu fazia no papel poderia ser feitos no computador. Comecei a finalizar vinhetas e cartuns nesses programas o que, na época, foi visto como inovador. Essas experiências me deram 3 prêmios de Ilustração Digital. Primeiro prêmio no Brasil e 2 no Canadá. Não demorou muito, inicie trabalhos com programas 3D e animação. Parecia um sonho.

Mas as mudanças não parariam por aí. Em 1993 quando fui convidado pela Superinteressante para criar infográficos para uma matéria, percebi que uma nova onda nos atingiria. E era muito maior e mais radical. A matéria escrita pelo jornalista da Superinteressante Flávio Dieguez falava sobre um assunto ainda pouco conhecido na época. Só algumas universidades tinham acesso. Era a World Wide Web. A sensação foi de um frio na barriga!! Parecia algo surreal. Essa "coisa" vai mudar tudo!! A forma como iremos trabalhar, tomar decisões, comprar,... Não preciso falar muito sobre o que aconteceu a partir desse momento. O resultado está aí.

De certa forma, me sinto privilegiado de ter acompanhado desde o início tudo isso. Usei os primeiros modems 9.600 Kbps e ainda me lembro daquele barulho do modem se conectando!!. Esse som faria qualquer usuário atual subir pelas paredes. Os primeiros navegadores, Mosaic, Netscape e o Explore. Tudo isso faz parte de uma grande e interessante história que parece estar muito distante. Acho que essa nova geração precisa conhecer um pouco mais sobre tudo isso. Nem tudo foi fácil e nem tínhamos tantas opções como temos hoje.

Essa história está incrivelmente bem contada pelo jornalista americano John Heilemann no vídeo "A guerra dos browsers". É simplesmente imperdível! Vale a pena ver essa produção disponibilizada pela Discovery Channel em 4 episódios. Informação fundamental para qualquer pessoa que trabalhe na área. É isso aí. Grande abraço a todos.

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